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terça-feira, 17 de março de 2009

Adeus pequenito

III
Eu já fui pequenito!

Por incrível que o tempo o faça parecer, é verdade.
E lembro-me tanto disso, ao ver as crianças correr.
A sonhar, a fazer disparates, a inventar brincadeiras.
"São como um bando de pardais à solta", capitães da areia, piratas. Índios e "cóbois", polícias e ladrões. São seres iluminados!
Misturo todas as emoções e deixo-me invadir, lânguido, pela doce nostalgia desses tempos coloridos. Pela magia dos meus 5 anos.

Como tudo era fácil nessa altura. Tudo risonho, tudo bonito, tudo simples. Fazia-se amigos em qualquer lugar, brincava-se onde quer que se fosse. A primeira aventura da ida à praia. O cheiro a relva molhada sob os pés descalços. Os pic-nics solarengos com os meus pais. As histórias maravilhosas que a Mammi me contava. As músicas deliciosas que cantava sem perceber a letra. A luta por não querer dormir a soneca da tarde. O horror de ir "levar uma pica" e as palhaçadas que o Pappi fazia quando eu estava doente - que me rasgavam sempre em risos. Os segredos traquinas com os primos. O chapinhar nas poças de água com as minhas galochas verdes com olhos de sapo e impermeável a condizer. As namoradas da minha sala da primária. A bola, os legos, a caderneta de cromos e os desenhos animados no único canal que havia na televisão...

E os meus avós, cúmplices, e que sabiam sempre do que eu gostava.
A minha avó que me levava com ela para o campo comer cenourinhas arrancadas da terra e lavadas no riacho. E que aguardava pacientemente que eu visse as rãs saltar para o lago, demorasse o tempo que demorasse, naquele pedaço de mundo com cheiro a flores.
O meu avô que me deixava usar a boina dele, e que mesmo quando lhe escondia as ferramentas, não se aborrecia comigo. Ele andava comigo às "cavaluchas", mesmo quando já estava cansado.
A minha tia Nanda, com quem ia passear, e sob um pretexto qualquer, me comprava bombocas.
O meu tio Mário que eu via como uma personagem de banda-desenhada. E a quem, eu e o meu primo Jorge, roubámos os primeiros cigarros (Gitanes - blherrc) - o enjoo horrível que nos deu!
O meu tio António, que me lembro como se fosse hoje, com uma máscara de gato virada ao contrário e as orelhas de fora, a afagar as cordas da guitarra enquanto cantava docemente, até ao soninho embalado dar lugar aos sonhos com princesas, monstros e heróis.

A todos quanto fizeram da minha infância o pedaço de vida mais bonito de todos, aqui fica o meu pequenino contributo em jeito de homenagem: Obrigado por fazerem de mim um homem tão feliz!

1 comentário:

  1. Não há nada melhor do que a infância e do que a família. Em criança somos genuínos, olhamos para tudo sempre com olhos de ver, pois estamos a descobrir o mundo, as sensações, os afectos. Com a família somos nós próprios. Rimos, partilhamos lágrimas, trocamos abraços, dzemos o que devíamos e não deviamos, ouvimos o que queriamos e não queriamos. Não há distância que quebre os laços verdadeiros de uma família que se ama, que gosta de partilhar momentos, de conversar, de trazer recordações às conversas. Que bom teres uma família que te enche de orgulho, que enche a tua vida de momentos inesquecíveis. Que bom teres uma família que cuidou de ti em criança de uma forma tão especial que te fez ficar assim: um homem cheio de abraços e palavras para dar.
    p.s. ganhei o robô de cozinha ou o jogo de cama?

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