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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Noivas de Santo António

XXV
Os Casamentos de Santo António já fazem parte integrante da tradição popular portuguesa - cerimónia onde se realizam vários casamentos em simultâneo, com a benção do santo padroeiro.
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Santo António nasceu em Lisboa, Portugal, em 1135, franciscano, pregador culto e apaixonado, foi professor em diversas Universidades europeias e morreu em Pádua, Itália, em 1231.
Considerado por muitos "santo casamenteiro" por ter sido, segundo reza a lenda, um bom conciliador de casais.
Em 1958, em Lisboa surge a iniciativa, com o patrocínio do "Diário Popular" e comerciantes locais, de celebrar nessa semana consagrada aos festejos de Santo António, uma grande festa de casamento. Que tinha por objectivo, possibilitar o matrimónio a casais com maiores dificuldades financeiras, oferecendo-lhes o traje, a cerimónia, os preparativos da igreja e o banquete.
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* A título de curiosidade: ao casal só era permitido participar, se a nubente pudesse clinicamente atestar a sua virgindade.
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Hoje em dia... não sei como funciona. Mas que a festa se realiza, lá isso é verdade. Lá está ela. Todos os anos. A estalar na rua. A encher-nos daquela alegria pateta. Não é que a ideia original não fosse gira, que até era. E simbólica e patriótico-religiosa. Mas por estar tão no espírito dos 50's, pensar nisso em 2009, faz-me uma certa confusão. Valha-nos o facto de que é, realmente, um belíssimo e refrescante substituto do Big Brother, inserido num ambiente de sardinha assada e copos de vinho, tão português.

E de tal forma crepitam com vigor, essas afamadas Noivas de Santo António, que até há uma pequenina rubrica (entre o tempo de antena dos candidatos às eleições europeias e o noticiário) que está destinado exclusivamente para conhecermos os felizes pombinhos.


ELE É: Arnaldo Emanuel Martins Silva, tem 26 anos e é Mecânico de profissão. Acha que a música favorita dela é "Tiengo la camisa negra" de Juanes. Mas na verdade é "Ai, Destino" de Tony Carreira. Acha que as melhores férias foram no ano passado em Benidorm, Espanha - mas não. Foram mesmo as do camping da Costa da Caparica (onde se conheceram). Pensa que o prato predilecto dela são favas com chouriço, e afinal é o bacalhau à Gomes de Sá. Os projectos para o futuro deles, na sua opinião, passam por um carro novo (Gti) e uma oficina própria (porque assim é que se ganha dinheiro). Ele pretende no máximo um filho, "por causa da despesa" diz, enquanto encolhe os ombros. É a crise!
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ELA É: Isaura Marisa Sousa da Costa, tem 24 anos e é Operária fabril na indústria têxtil. Acha que a música favorita dele é "My heart will go on" da Celine Dion, que viram no filme Titanic. Afinal é "Yolanda", dos Irmãos Verdade, que Arnaldo descobriu no rádio de um carro em que estava a trabalhar. Ela acha que as melhores férias foram no Algarve, onde ele finalmente lhe fez a proposta, e para ele foi mesmo Benidorm. O prato predilecto, e que ela cozinha quando ele vai lá a casa dos pais, é o belo do cozido, e afinal o que ele prefere é um grande bife com batatas fritas. Os projectos para o futuro, na sua óptica, passam impreterivelmente por uma casa nova e depois uma viagem ao estrangeiro. Tudo isto antes de terem os três filhos que ela tanto deseja, "que uma família assim é que é".
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Se resultam ou não, estas improváveis duplas, não sei...
Mas nunca se ouviu falar em Divórcios de Santo António.
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Fica aqui a minha sugestão, para este evento com boas possibilidades de franchising.
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Mas há mais:
- Às 10 primeiras propostas de negócio oferecemos o pack familiar: Os Partos de Santo António (live), já em DVD, VHS e cassete pirata.
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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Big Mac Attack

XXIV
Desta vez não vou dizer nada...

Podia ficar aqui a falar sobre como a desflorestação dá lugar às culturas pecuárias sobre-exploradas, ou então sobre como o colesterol é exponenciado pelos fritos, ou sobre a tortura dos animais (sejam eles quais forem) antes de serem feitos em hamburguers. Mas não o vou fazer.
Nem sequer vou falar da exploração laboral dos trabalhadores, na sua maioria demasiado jovens. Não!

- Desta vez vou deixar apenas uma imagem que, dizem, vale mais que mil palavras, e que remeto à vossa mui ilustre consideração...


I'M LOVING IT !
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quinta-feira, 21 de maio de 2009

É proibido fumar!

XXIII
Foi em Janeiro de 2008, que entrou em vigor a lei, que impede "o acto de fumar, chupar ou mascar um produto à base de tabaco", nos restaurantes, bares, discotecas, recintos de espectáculos, e mais.

E, assim de repente, não me consigo lembrar de nenhum outro produto no mercado, em que o fabricante anuncie que aquilo mata, e as pessoas o continuem a consumir despreocupadamente.
De facto, este é um fenómeno assaz curioso. O acto de fumar. - É o quê, concretamente? - Em que consiste este ritual suicida?

O tabaco é uma planta, do género Nicotiana, e é originária da América do Sul, à qual, os povos autóctones, atribuiam poderes curativos mágicos. Foi introduzida nas cortes reais Europeias, no século XVI, por navegadores espanhóis e ingleses.

Embora esta seja a teoria mais comummente aceite, outras há que, visam indicar a sua origem na Ásia (como é o caso do escritor Lotario Becker), alegadamente levada, em tempos muito remotos, para o Novo Mundo. E, demonstra que na Pérsia, por exemplo, cultivou-se e fumou-se uma ou mais espécies de tabaco, muito antes da descoberta da América.

Outras teorias dão a planta como sendo africana, pelo facto de não ser crível que este vegetal se pudesse generalizar tanto em todo o continente, e enraizar-se nos costumes dos povos - apenas depois - da descoberta da América.

Há também posições que defendem a sua origem no norte da Austrália, citando as comunicações de James Cook e Gregory, entre outros, sobre plantas narcóticas que viram mascar, fumar ou sorver em forma de pó.
Inicialmente, o tabaco era mascado ou aspirado enquanto rapé. E obteve grande popularidade (como tratamento para as enxaquecas, pneumonias, chagas, gota, raiva, e servindo até como narcotizo e aperitivo) junto de habitués como Catarina de Médicis.

No entanto, o ritual do tabaco hoje, no século XXI, está já muito longe da prática ritualista de 1500, e do glamour da belle époque.

Ao observarmos com atenção, o acto (sobretudo visual) de fumar, constatamos que desde a linguagem corporal - das mãos que procuram o isqueiro, ao próprio som particular de acender o cigarro, a cigarrilha, o charuto ou o cachimbo - há nisto uma mística hermética que transcende absolutamente, qualquer que esteja excluído desta elite nebulosa.

Descobre-se, na sedosa sensação ao toque, do retirar de uma munição da caixinha de cartão colorida, um prazer que se estranha e depois entranha. Tanto sabor nesse gesto de levar o preparado aos lábios, com laivos de chocolate e folha de tabaco que, por via do fogo, na sua ignição desprendem pedaços de uma nuvem maciça, invadindo o corpo internamente, num calor confortável e familiar.
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Sejamos claros! - Numa sociedade que vem assumindo um papel, cada vez mais, de apologista (fundamentalista) das boas práticas e do exercício físico e da alimentação saudável (enquanto promove a venda de automóveis de combustão a gasolina e diesel, e de bens de consumo polutivo) pergunto-me até quando poderei - legalmente - tomar a decisão de comer bacon, e onde o posso consumir, livre de imposto?

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terça-feira, 19 de maio de 2009

Uma Receita Caseira

XXII
Há dias assim. Daqueles em que temos vontade de fazer qualquer coisa extraordinária. Não uma coisa qualquer. Algo fantástico, especial, delicioso, que faça crescer água na boca. Então, decidi ir, pela internet dentro, à descoberta de uma receita que me seduzisse. Optei, antes, por arriscar na ousadia de misturar vários sabores numa só refeição. Uma espécie de cozinha do mundo.
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"Mergulhe-se na cultura gastronómica chinesa, na sua cor, perfume e paladar, funda-se nos exóticos condimentos da rica cozinha indiana. Pincele-se os aromas da arábia, com o preceito kosher na preparação dos alimentos - Assim teremos todos os sabores do mundo dentro da nossa boca"
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Lucio Arantes Montoya
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Comecei por preparar a entrada: uma bela Baba Ghanouj (pasta de beringela, de origem árabe), na qual gastei:

2 kg de beringela
4 colheres (sopa) de
tahine
sumo de três
limões
4 ou 5
alhos amassados com sal


Vão ao microondas (as beringelas) por 10 minutos (apesar de que ficam muito melhores no forno) até murcharem por inteiro.
Cortam-se ao alto, e raspa-se o conteúdo, para dentro de um recipiente. Misturam-se com os outros elementos, mais uns cubinhos de queijo, e reintroduz-se o preparado no interior, do que resta, da beringela e... já está.

De seguida, pensei em fazer um Chittarnee (peito de frango agridoce ao molho de cebola, da cozinha judaica). E foram precisos:
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1 kg de cebolas picadas
3 dentes de
alho esmagados
2 colheres (chá) de
gengibre ralado
1 colher (chá) de
açafrão
1 colher (chá) de
canela
1 colher (chá) de
coentro picadinho
4 folhas de
louro
6 peitos de
frango cortados em cubos
1/2 kg de
tomates picado (sem pele, nem sementes)
3 colheres (sopa) de
vinagre
2 colheres (chá) de
açúcar
sal e pimenta q.b.

Deve dourar-se a cebola em azeite, e depois, juntar o alho e os restantes condimentos. De seguida entram os cubinhos de frango, que ficam por mais 10 minutos, e vai-se mexendo. Adiciona-se o tomate, e mantêm-se a apurar até o excesso se evaporar. Junta-se-lhe o vinagre e o açucar e cozinha-se em lume brando, mais uns 10 minutos. Está feito!
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O acompanhamento, lembrei-me eu, poderia ser uma Massa de Ninhos (de tradição chinesa). E precisei de:
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250 gramas de vegetais variados (pimentos, soja, bambu)
1 colher (sopa) de óleo vegetal (amendoim é o ideal)
250 gramas de massa chinesa (noodles) cozida
1 colher (sopa) molho de soja
1 colher (chá) de óleo de sésamo
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Fervem-se os vegetais em água e sal durante 2 minutos e escorre-se. Aquece-se o óleo num wok (frigideira funda) e mistura-se muito bem a massa (noodles) já cozida. Acrescentam-se os vegetais e o molho de soja (shoyu é perfeito). Deixa-se cozinhar, para libertar os sabores, durante uns 2 minutos. Rega-se com óleo de sésamo e serve-se. Assim, perfeito!
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Para terminar em beleza, nada melhor do que a maravilhosa sobremesa, no caso, Gulab Jamun (bolinhos de leite com caramelo) da cozinha indiana. E requer:
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BOLINHOS
1/2 chávena (chá) de leite
1 colher (sopa) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de manteiga derretida
1 colher (café) de fermento em pó
SYRUP
1 chávena (chá) de açucar
2 chávenas (chá) de água
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Para fazer os bolinhos basta que se misturem os elementos, que se amassam até ganhar boa consistência, homogénea, de tal forma que se solta das mãos. Fritam-se depois no óleo quente, mas em lume brando.
Para obter o syrup, junte-se a água ao açucar e ferva-se durante uns 10 minutos. Depois disso, é só verter a calda sobre os bolinhos... bon apetit!
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...PARA QUEM, DEPOIS DESTE TRABALHO TODO, AINDA ASSIM NÃO GOSTE: ESQUEÇA TUDO ISTO E ENCOMENDE UMA PIZZA!...
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segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sonus Matrix

XXI
Quando passares por mim na rua,
não me ignores nem me sejas indiferente.
Não penses em mim como o Outro,
mas sim em nós como parte de um mesmo.
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É difícil dizer onde eu acabo, e tu começas.
Porque eu sou igual a ti, e não és diferente a mim.
Somos ilhas, separados apenas superficialmente
Ao emergimos de um mesmo profundo subsolo.
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Ambos somos o mesmo, e todos somos Um.
De iguais características, biologia e humanidade.
Parte viva do planeta em constante mutação.
Indistintos pequenos pedaços do cosmos.
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A vida, é um caminho de ferro, em que somos,
alternada e simultaneamente: locomotiva, vagão e passageiro!
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sexta-feira, 15 de maio de 2009

do Amor e outros delírios

XX
Ele está sentado nu, em silêncio, na cama, de olhos semi-cerrados. Os seus delicados dedos de pianista desenham melodias, nos cabelos selvagens da sua amante. São como pincéis etéreos, espalhando cor na tela imperfeita, diluídos nas sombras cúmplices. Tem nos lábios o travo agridoce do amor, que lhe bate no peito, como uma balada salgada escrita na espuma da rebentação, no fim do Verão.

Ela está imóvel, por sobre a cama. Dorme doce e serena, quieta, felina. A sua pele, rosada, macia, impera sobre os engelhados lençóis de luz que a acariciam. Move-se como uma serpente encantada, vagarosamente sedutora, lúbrica. Um suspiro grave solta-se dos seus lábios despreocupados e esvanece-se no ar, entre paredes cerise e ocre, do quarto com odor a sexo.

A brisa húmida e quente da tarde invade-lhes o covil secreto, desliza pelas frestas da grande janela de madeira, sobre um oceano de um azul muito vivo. Ouve-se baixinho, ao longe, o embalar ondulado dos barquinhos brancos, distinguindo-se na distância. As flores que nascem junto ao mar impregnam o suor mudo dos seus corpos.

Ele toca-lhe, breve. Percorre, com as pontas dos dedos, os tornozelos finos onde cintila uma pequena pulseira árabe. Sobe, lentamente, por dentro das pernas, até às coxas despidas e bebe o seu curso, demoradamente. Repousa nas nádegas firmes daquele corpo despertado em arrepio bom que lhe sorri e o recebe.

Ela olha-o com um desejo animal, libidinosa e lânguida, sem uma única palavra. Segura-lhe a mão e leva-o, voluptuosamente, a sentir os seus deliciosos seios. Puxa-o para si, para junto do seu corpo, e beija-o sofregamente. As bocas selam, em gestos liquidos das línguas impúdicas, o que as palavras calaram. E, avidamente, encaixa toda a sua sensualidade no vigor da nudez do seu amante.

A serra densa por detrás da casa, pontilhada de acácias venusianas, vigiam-na. Ergue-se sobranceira ao manto extenso de areia branca que cobre a praia, e testemunha o vago passar das horas. O rumorejar das folhas matizadas silencia os gemidos íntimos, que se soltam, ofegantes, daquele prazer absorto que os devora.

O dia, tosco, sume-se na cinza das horas. Tarda sossegadamente. O mar embala, um gato ronrona, o cigarro arde... a noite cai!
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segunda-feira, 11 de maio de 2009

As melhores desculpas para chegar atrasado

XIX
Porque, na vida moderna, há sempre situações às quais não conseguimos chegar a horas, mais do que as desculpas dadas, aqui encontram as suas explicações, de certa forma, desmistificadas:
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1) Ficar retido (Lindo! Ficar retido como assim? Tipo o quê? Do género: ser sequestrado por terroristas, trancarem-nos na mala do carro, ter sido dopado por um espião do bloco de leste?)

2) Motivo de força maior (isto é a própria Natureza a impedir-nos de chegar ao escritório, por todos os meios possíveis. Entre outros: inundações, fogos, terramotos, tsunamis, furacões...)
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3) Trânsito infernal (no sentido Dantesco da coisa: entes demoníacos a incendiar o alcatrão, diabretes a roer os semáforos, barricadas de monstrengos na estrada - mas lá consegui chegar)

4) Doença na família (os filhos são alvos preferenciais. À falta deles há a mãe que - coitada - sabe como é, já tem uma certa idade. Ou, se possível, a avó que morreu duas vezes no ano passado)
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5) O despertador não tocou (ora aqui está uma daquelas "falhas técnicas às quais somos alheios", que é como quem diz - sou um robot: NÃO DESLIGAR ANTES DA CARGA COMPLETA!)
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6) Homem do gás (ou o electrodoméstico, ou o canalizador, o administrador do condomínio, seja quem for. Esses bandidos que nunca chegam a horas, e ainda atrasam as pessoas que trabalham)
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7) A muda de roupa (Terrível! E logo hoje, que até tinha chegado 15 minutos mais cedo, "alguém" lhe entorna café/sumo/toner em cima, e tem de ir para casa trocar de roupa)*
* pode ser acumulado com o ponto 2 e 3
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8) Problemas mecânicos (é o carro que não pega, ou que aquece muito, até pode ser a máquina (...) que entope, ou ainda a torradeira que deu curto-circuito e ia pegando fogo à casa)
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9) Indisposições gerais * diferente do ponto 4 (que noite horrível! A intoxicação alimentar, o desarranjo intestinal, a gripe, a febre, a alergia, a dor de garganta, a enxaqueca... é que não preguei olho!)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

De baixo para cima

XVIII
Num manancial prodigioso
O curso impetuoso de vida
Descobre-se, em novos rumos,
Na maciez de um corpo nu

e,

Em doces melopeias antigas
Correm, por sobre as águas,
Essas vozes que ecoam húmidas
Como distantes pássaros de Abril
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quarta-feira, 6 de maio de 2009

Palavras despidas (de verbos)

XVII
Palavras sujas, desenhadas
em inconstantes desafios
Como flechas, impiedosas,
pelo teu ardente corpo dentro.

Uma silenciosa revolta
no fervilhar crepitante
da fogueira branda e suave
deste sonho interminável

Palavras soltas, leves, doces
como breves gotas frescas
de chuva crepuscular
na devoradora noite quente.
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Pérolas do Português

XVI
No Macaquinhos de hoje, apresentamos uma colectânea das expressões maravilhosas que povoam as nossas ruas e mercados:
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"Bule-me ca vesícula" - Alusivo a alimentos que comprometem o aparelho digestivo (paciente no Centro de Saúde de S. Roque)
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"Encarniçado" - Feroz (adepto do Sra. da Hora, falando de um jogador da equipa adversária)
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"O esposo" - Cônjuge masculino (vendedor brasileiro, ao telefone, tentando vender colchão)
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"Sacrilégio" - Ultraje feito a pessoa sagrada (beata idosa de Viseu, referindo-se ao casamento gay)
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"Bicos de papagaio" - Osteoartrose (professora reformada, no café, acerca das suas várias doenças)
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"Cruzes canhoto" - Interjeição supersticiosa (benfiquista em fato-de-treino, num domingo, em Belém)
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"Faneca" - Peixe da família dos gadídeos (simpatiquérrima peixeira no Mercado do Bolhão)
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"Freguês" - Cliente (comerciante tradicional de retrosaria, na baixa de Lisboa)
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"À rasca" - Aflito (taberneiro de Sta. Apolónia falando sobre uma inspecção da ASAE)
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"Catarro" - Expectoração (reformado fumando, perto da Cordoaria, enquanto jogava à sueca)
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"Doença do cérbo" - Patologia neurológica (caixa de supermercado, em Paço de Arcos, comentando sobre a sogra)
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"Dor nas cruzes" - Lombalgia (de uma vizinha para outra, numa das ruas de Alfama, sobre o tempo que vai mudar)
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"Rega Bofes" - Festa com fartura de comida e bebida (homem de bigode farfalhudo, dissertando acerca da vida política)
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"Figadeira" - Problemas de fígado (comensal na tasca do Vitalino, em Ponte de Sôr)
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"Prontes" - Corruptela de pronto (massagista de um clube de Coimbra, da Distrital, ao ser entrevistado, na Liga dos Últimos)
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"Maneiras que..." - Articulador do discurso (polícia de Lamego, dizendo para "controlar" a rotunda e "encarar" com o cruzamento)
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"Faz-me espécee" - Causa estranheza (director comercial do Expresso, depois de meia garrafa de Cardhu às onze da manhã)
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"Escanifóbético" - Bizarro (aluno do 1º ciclo, referindo-se às características de um determinado berlinde)
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Aqui ficam algumas das jóias da fascinante tradição oral do nosso povo, tão profícuo no acto da criação poética. Agradece-se, desde já, todas as sugestões que visem engrossar o património étno-histórico, da nossa linguagem popular.
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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um grande nada

XV
"daca dragoste nu e, nimic nu e"
Marin Preda (1922-1980)


De William Shakespeare a Lord Byron, de Walter Ralleigh a John Keats, de Lennon a Marley, já tão grandes escreveram sobre o amor, e nos deixaram um património de sonhos e emoções tão vasto, homenagens tão profusas a essa inequívoca necessidade de amar, capazes de nos acender por dentro essa magia viva... ainda assim, é algo de que nos temos esquecido, na pressa dos dias, de sentir.

A mim, resta-me a constatação de que sem Amor somos só:
- Um grande nada!

Come away, come, sweet love,
The golden morning breaks,
All the earth, all the air
Of love and pleasure speaks,
Teach thine arms then to embrace,
And sweet rosy lips to kiss,
And mix our souls in mutual bliss.
Eyes were made for beauty's grace,
Viewing, rueing love's long pain,
Procur'd by beauty's rude disdain.
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Come away, come, sweet love,
The golden morning wastes,
While the sun from his sphere
His fiery arrows casts:
Making all the shadows fly,
Playing, staying in the grove,
To entertain the stealth of love,
Thither, sweet love, let us hie,
Flying, dying, in desire,
Wing'd with sweet hopes and heav'nly fire.
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Come away, come, sweet love,
Do not in vain adorn
Beauty's grace that should rise
Like to the naked morn:
Lilies on the river's side,
And fair Cyprian flowers new blown,
Desire no beauties but their own,
Ornament is nurse of pride,
Pleasure, measure, love's delight,
Haste then, sweet love, our wished flight.
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Anónimo
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Macaquinhos no Mundo: