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terça-feira, 17 de março de 2009

Liber de Infantia

IV
Passa… como um comboio a vapor,
de vagões férreos, frios a chiar.
Um arrepio na partida.
Olho, ninguém na estação
A quem caiba acenar.

Retine em mim o apito: priiii...
dura toda uma eternidade.
Quem dera não parar,
Nesse distante lado nenhum
Onde não há tempo ou saudade.

Quero tanto saber sorrir,
ao crescer no meio da espera
que nos leva a inocência à força
e embriaga de silêncios
a dança final do último entardecer.

Desenho flores com os pés,
até se apagarem no ar.
Diluo-me como num sonho, torno-me nele.
De tudo isto preciso para ser completo,
de tudo isto quero só, não só fazer parte.

Mas antes de, finalmente Mãe, partir...
Tropeço no mesmo apeadeiro em que te perco
Neste des-oriente em que transbordo e repenso

Diz-me, se me levante eléctrico em revolta
Ou se encontre em mim, neste lento comboio de corda
A força da paz que preciso, para te dar de presente

Ah, pobre de mim que penso: pobre de mim!
Pobre de mim por saber, que nem pobre sou.

Que nem sei ser só uma máquina, que é quanto basta
Para que a ignorância me bata à porta e sorria

E eu abra à confiança. Sem matemática complexa
Nem métrica louca, nem morte ou esperança.

Tudo em tudo, Mãe, tudo em tudo
Só quero ser de novo uma criança!

Filipe Pinto (2007)

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