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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Prodigy

XXXXIII
- Sôfrego, intenso, electrizante, arrebatador... INCENDIÁRIO!

Era este - no mínimo - o ambiente criado pela massa compacta de fans que acorreram, no passado dia 7, ao Pavilhão Atlântico, para assistir à explosão massiva dessa parede de som que Prodigy protagonizou com a sua habitual e inesgotável energia contagiante.

O espetáculo teve início às 20h30 mas começaria ainda à porta, com o desfile processional das volumosas filas de pessoas (maioritariamente na casa dos 20), num lote dotado de uma grande heterogeneidade verdadeiramente simpática - e que, à sua passagem, iam deixando vazias garrafas de vodka de supermercado, vinhos generosos (e outros de pacote), sangrias envasadas artesanalmente, e cocktails cujos ingredientes nós aqui no Macaquinhos no Sotão - e apesar da vasta experiência na matéria - não conseguimos apurar a olho nu). Enfim, valeu todo o género alimentício com propriedades alcoólicas que servisse de combustível para o incêndio intrépido que viria a deflagrar, dali a instantes.

A abrir o concerto dessa noite tivemos o prazer de conhecer os ENTER SHIKARI, banda que nos pareceu sinceramente promissora, com um trabalho muito dinâmico e aguerrido e que souberam dar - convenientemente - o lamiré para o que viria mais tarde. Somos, porém, da opinião que, os portugueses BLASTED MECHANISM teriam sido uma escolha perfeita para a ignição dessa noite.
A verdade é que a primeira banda convenceu, tiveram argumentos muito muito interessantes, e foram sólidos o suficiente para soprarem nas faúlhas que iam despontando aqui e ali, no que já era - à primeira hora - um imenso mar de gente, revolto, a espernear.

Depois da actuação de Enter Shikari, com um feedback muito positivo por parte do público, ataviou-se o palco, ligaram-se as máquinas, pôs-se samples a tocar, a tocar, a tocar... mas Prodigy que era bom, e a gente gosta - nada! E não apareceram no plateau, o que nos pareceu ser, seguramente mais de 45 minutos...
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Não obstante, as massas deliravam, assobiavam, gritavam. Agitavam punhos no ar e, como uma rebentação desenfreada, amalgamavam-se incessantemente, compactando o já tão apertado espaço daquele incandescente Pavilhão Atlântico.
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UNDER CONSTRUCTION

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Rão Kyao

XXXXII
Foi ontem à noite, pelas 22 horas, ao vivo na Fnac do Vasco da Gama que "a sala se encheu de maviosidade" como ele próprio o disse.

O sopro rouco do bansuri sibilava no ar daquele ambiente intimista, impregnado de uma sensitividade tal que se sentia no corpo uma força - como uma atracção magnética - para a sua nascente.
Sentado, de túnica branca e lenço laranja ao pescoço, de semblante brando e luminoso estava o Rão. Ia serpenteando os seus dedos sábios pelos oríficios daquela cana mágica com dom de encantamento e enfeitiçando toda a trupe que ali se reuniu, com requintes de chamamento espiritual.

Soprou temas do seu novo álbum, que assim se chama: "Em'Cantado", nome que não podia ser mais adequado e perfeito para essa fusão natural entre o fado e a música indiana - ambas particularmente próximas pela tónica sempre profundamente emotiva com que se expressam - como tivemos oportunidade de debater, em conversa descontraída, no final da performance.

Ladeado por uma guitarra portuguesa bem executada por um cavalheiro de olhos pintados e ar de marialva cujo único nome de que dispomos é Paulo (dada a sua fuga repentina), e com direito até a alguns apontamentos em jeito de diálogo intrumental (a fazer desejar ali Júlio Pereira), e ao piano por Renato Runior, músico do álbum, com uma enternecida suavidade e leveza tocante.

Mas Rão Kyao vem de trás, de longe, é antigo como as flautas que toca, não em idade humana mas nesse fabuloso milagre que opera, essa transubstanciação da vivência para a música e da música para a vida, sendo ambas uma.
Pode parecer confuso, ou intrincada esta explicação, talvez até demasiado longinqua: serve só para que se entenda claramente que é impossível dissociar o Homem da Arte e Arte no Homem.

O percurso do Rão começou no jazz, mais propriamente no saxofone tenor, e foi sofrendo evoluções - em última análise para uma mestria virtuosa do bansuri (instrumento que estudou na Índia, para onde viajou na década de 70) - fruto das suas experiências de vida e dessa procura etnográfica pelo elo de ligação entre a música a oriente (como é o caso da indiana, árabe e chinesa) e a música de raiz tradicional, na sua vertente mais pura do folk português.


sábado, 14 de novembro de 2009

Depeche Mode

XXXXI
Depois de um breve (ou não) forçoso interregno:
os Macaquinhos no Sotão estão de volta!
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- Alcançamos uma importante e esforçada vitória numa luta terrível contra as maléficas forças opressoras que ousaram tentar sufocar este paladino da Verdade e da Loucura (que tantas vezes caminham de mãos dadas)!
- Descansem porém amigos, as vossas inquietas mentes que, tal como os gatos, nós no Macaquinhos caímos de pé.
E à semelhança desses nobres felinos, temos 7 ou mais vidas para continuar a resistir!
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Para celebrar decidimos brindar-nos com algo há muito esperado.
Ditou a sina que fosse o concerto (malogrado no Porto, por ocasião do festival Super Bock Super Rock) dos irresistíveis Depeche Mode!
Fizemos questão de ir muitíssimo bem acompanhados (aproveito para agradecer a gentileza e simpatia do senhor Pedro Caetano), e de abrir as hostilidades no apinhado Vasco da Gama, com um panado e duas imperiais (dois finos - se o leitor for tripeiro)! (mais tarde - se me apetecer - incluiremos as fotos do buffet!)

Eram cerca das 20h30 GMT quando começamos a dirigir-nos para o local do evento, banhados por todos os lados por gente vestida de negro com pinta de góticos chic, numa versão muito DepecheModeana da coisa. Encaminhamo-nos falando de albuns antigos e outras experiências ao vivo da banda, em particular desse génio de composição e letrista que é Martin Gore e do carisma de Dave Gahan que dá vida e corpo e ainda mais substância às letras, tudo debaixo de uma chuva miudinha que não incomodava.

Chegados ao recinto, como por milagre, as cervejas tinham evaporado - perante o dramatismo da circunstância vimo-nos obrigados a negociar mais umas, bem fresquinhas com um tal de "Super Man", passeando-se bem na nossa frente - que era na verdade o aguadeiro da Super Bock - essa nobre profissão. Ele insistia roboticamente em servir-nos naqueles copinhos de plástico anoréticos (vulgo 20 cl) mas lá conseguimos trazê-lo à sua forma humana e convencê-lo de que os nossos (33 cl) eram prescritos pelo médico por causa das desidratações muito comuns neste tipo de eventos - isso e o olhar tresloucadamente assustador do meu amigo Caetano convenceram eloquentemente a criatura que, sorrindo, lá assentiu na medicação (tão necessária) para assistir a Gomo - não desfazendo, coitadinho(s) - que até tocaram bem, e teria sido delicioso não fosse a ansiedade para assistir a DM.

Coube, precisamente ao(s) Gomo abrir o espetáculo - segundo se apurou - através de um concurso. E fizeram-no muito bem, para uma casa a meio gás onde o volume estridente criava uma atmosfera meio estranha, num Pavilhão Atlântico ainda muito modesto por volta das 21 horas - não obstante, o agradável som eclético, apelativo e abrangente ia mergulhando em temas cuja sonoridade bem podia ser confundida com Placebo, Beck, ou até mesmo James. Performance muito interessante e que nos deixou com uma melhor impressão da banda.

Mas se havia espetáculo nessa noite, daqueles memoráveis e que se inscrevem nas memórias pela excelência e intimista sensibilidade, esse desvelou-se na abertura ao som de In Chains... a partir desse momento o mundo exterior parou e embarcou-se numa viagem intensa e hipnotizante pelo universo sensual e glamouroso de Depeche Mode com a presença de muitos dos temas do novo album, mas muito muito do que Depeche nos deu nos últimos 30 anos. Peças de grande profundidade poética e beleza singular como é o caso de World in my Eyes, Behind the Wheel, Enjoy the Silence, A Question of Time, Walking in my Shoes, Personal Jesus, Never Let me Down, Policy of Truth, I Feel You, Precious, Wrong, Stripped...

Como não podia deixar de ser - e para regozijo e gáudio dos nossos ilustres leitores - aqui ficam algumas das pérolas musicais dessa noite, apenas possíveis graças às gravações clandestinas dos mafiosos a quem, desde já, tão graciosamente agradecemos humildemente!
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WORLD IN MY EYES


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ENJOY THE SILENCE


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POLICY OF TRUTH


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PERSONAL JESUS


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PRECIOUS

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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

11 de Setembro

XXXX
Há 295 anos, na região que hoje conhecemos como a Catalunha...

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Há 36 anos, em Santiago, no Chile, a Rádio Magallanes transmitiu a última mensagem do presidente democraticamente eleito Salvador Allende, que disse: “Pagarei com a minha vida a lealdade do povo"... Antes de ver o palácio presidencial bombardeado por caças pilotados por americanos (sempre tão desesperados em aniquilar o espirito socialista na América Latina), em sujo conluio com o ditador fascista, o general-assassino: Augusto Pinochet. Que viria a instalar um reinado de terror durante 17 longos anos, em que fuzilou adversários e tirou a vida a PELO MENOS 3.197 pessoas, das quais 126 eram mulheres (algumas delas grávidas) e 49 crianças (entre os 2 e os 16 anos).
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Aqui ficam as palavras desse luminoso estadista - Salvador Allende:
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"Certamente, esta será a ultima oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. As minhas palavras não têm amargura, mas sim, decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu o seu juramento (…)
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Colocado num transe histórico, pagarei com a minha vida a lealdade do povo.
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E digo-lhes que tenham a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares de chilenos, não poderá ser ceifada em definitivo. Eles têm a força, poderão subjugar-nos. Porém, os processos sociais não se detêm nem com crimes nem com a força.
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A história é nossa e é feita pelo povo.
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Trabalhadores da minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram num homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou a sua palavra no respeito à Constituição e à Lei, e assim o fez.
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Neste momento definitivo, o último em que posso dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reacção criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem a sua tradição, que lhes fora ensinada pelo general Schneider e reafirmada pelo comandante Araya, vítima do mesmo sector social que hoje estará à espera, com mão alheia, de reconquistar o poder para continuar a defender as suas mordomias e os seus privilégios.
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Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher modesta da nossa terra, à camponesa que acreditou em nós, à mãe que soube da nossa preocupação pelas crianças.
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Dirijo-me aos profissionais patriotas que continuaram a trabalhar contra o levantamento popular estimulado pelas associações de profissionais, associações classicistas que também defenderam as vantagens de uma sociedade capitalista.
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Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e doaram a sua alegria e o seu espírito de luta.
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Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, pois no nosso País o fascismo já esteve presente várias vezes: nos atentados terroristas, explodindo pontes, cortando linhas ferroviárias, destruindo oleodutos e gasodutos, perante o silêncio daqueles que tinham a obrigação de tomar providências.
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Certamente, a Rádio Magallanes será calada e o metal tranquilo de minha voz já não chegará até vocês. Mas isso não é importante. Vocês continuarão a ouvi-la. Ela estará sempre junto de vós. Pelo menos a minha lembrança será a de um homem digno que foi leal com a Pátria.
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O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não pode deixar-se arrasar nem se deixar balear, mas tampouco pode humilhar-se.
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Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e no seu destino. Outros homens hão-de superar este momento cinza e amargo em que a tradição pretende impor-se. Prossigam vocês, sabendo que, bem antes que o previsto, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.
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Viva o Chile! Viva o Povo! Viva os Trabalhadores!
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Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que o meu sacrifício não será em vão.
Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a deslealdade, a covardia e a traição."
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Há 8 anos os Estados Unidos da América tremeram...

TO BE CONTINUED...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Porque há dias assim...

XXXIX


Nessun dorma! Nessun dorma!
Tu pure, o, Principessa,
nella tua fredda stanza,
guardi le stelle
che fremono d'amore
e di speranza.
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Ma il mio mistero e chiuso in me,
il nome mio nessun sapra!
No, no, sulla tua bocca lo diro
quando la luce splenderá!
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Ed il mio bacio scioglierá il silenzio
che ti fa mia!
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(Il nome suo nessun sapra!...
e noi dovrem, ahime, morir!)
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Dilegua, o notte!
Tramontate, stelle!
Tramontate, stelle!
All'alba vinceró!
vinceró, vinceró!

No one shall sleep! No one shall sleep!
Even you, o Princess,
in your cold room,
gaze at the stars
that tremble with love
and hope!

But my secret is locked within me,
my name, no one shall ever know!
No, no, I shall say it as my mouth
meets yours, when the light breaks!

And my kiss will thaw the silence
that makes you mine!

(His name, no one shall ever know,
and we, alas, shall die!)

Vanish, o night!
Fade, stars! Fade, stars!
At dawn I shall win!
I shall win, I shall win!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fidel Castro

XXXVIII
Feliz cumpleaños, Comandante!
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Fidel,
Viva Cuba!
Viva la Revolucion!
Viva los ideales de la lucha anti-fascista...
que, resistiendo desde Fulgencio Baptista hasta hoy,
hicieran con que Cuba no sea, una colonia mas,
del imperialismo opressor y del poder
de los Estados Unidos!
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- Hasta la Victoria... SIEMPRE!
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X Festival Intercéltico de Sendim

XXXVII
Todos os anos, no primeiro fim-de-semana de Agosto, tem lugar na pacata "Bila de Sendim", nas terras altas de Miranda do Douro, o Festival Intercéltico que, este ano, cumpriu a sua décima edição.
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Durante 3 dias, as ruas desertas e a mítica escadaria da igreja, maravilhosamente antiquissima, enchem-se de vida e especialmente de muita gente. Chegam dos quatro cantos do país, desde o Algarve a Setúbal, Lisboa, Leiria, Coimbra, Aveiro, Porto, Braga... mas não só. Encontramos, sem dificuldade, um grande número de galegos e castelhanos, irlandeses, ingleses, e até suecos e finlandeses. Vão chegando em bandos soltos, como que largados em vagas que se arremessam instintivamente para os mesmíssimos locais. Vestem calças árabes e hábitos modernos durante a sexta-feira, primeiro dia do festival, e vão desde logo e até domingo (já mais enraizados, relaxados e menos urbanos) atafulhando a modesta vida das gentes da terra, quer com os vícios e tiques, quer com a azáfama no café central da vila, o famoso PASSAREIRO, onde amável e divertido está - como um grande chefe tribal - de bigodaça imponente e uma simpatia inesgotável, o ilustre e mui digno senhor Jorge.
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Fácil de ver é que os pouquíssimos multibancos rapidamente esgotam o seu stock. Pelo que vale a pena prevenir-se antes - não vai querer perder a oportunidade de beber uns liquídos fresquinhos, pela tarde fora, sob os impiedosos 42º do calor da montanha.
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Aconselha-se vivamente o passeio descontraído e sem pressa pelas aldeias e vilas dos arredores, onde para além de festivais paralelos de arromba (L Burro i L Gueiteiro - este ano com os inimitáveis e genuínos Galandum Galundaina, La Musgaña, Uxukalhus, e os nada menos que fantásticos Dazkarieh) e também as feiras de instrumentos musicais (gaitas de foles, sanfonas, tambores, realejos), encontra também uma flora e uma fauna absolutamente intacta e maravilhosa, oportunidade já tão rara nos dias que correm.
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Aproveitando o passeio, dirija-se a Miranda do Douro, terra dos bem conhecidos Pauliteiros. Aí vale a pena parar para jantar n'O Mirandês (o preço por pessoa ronda os 15 €). Delicie-se com a incontornável e avassaladoramente suculenta "Posta à Mirandesa", servida em quantidade medieval e com um sabor como nunca provamos até lá termos estado. Um restaurante excepcional, com um serviço e uma qualidade nos alimentos impecável!
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De volta a Sendim, antes e depois dos concertos (cujo preço do bilhete/dia são 12.50 €) dirija-se à já tradicional casa Meseta, onde - sentado nos fardos de palha que servem de banco - pode degustar a nobre gama de vinhos produzidos localmente e que foram já, inclusivamente, galardoados em mostras internacionais, cuja especialidade é o Rosé doce, verdadeiramente perigoso nos dias de maior calor por ser tão suave, fresco e delicioso (a 2€ a garrafa).
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As noites, claro está, estão reservadas às performances musicais, e do cartaz desta edição constaram nomes grandes da música Folk portuguesa como os Lenga-Lenga e a Brigada Víctor Jara. De Castilla y León veio Maria Salgado. Das Astúrias Llan de Cubel, e de Euskadi veio Korrontzi. Da Suécia chegaram os tão prestigiados Hedningarna, que tocaram sem grandes surpresas. Letárgicos e muitíssimo aquém do esperado. Bem ao contrário do que lhes exigia este festival de tradição celta na celebração do seu 10º aniversário.
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Valeu, porém, tudo o resto: a gastronomia inigualável e a preços surreais. A hospitalidade verdadeiramente tocante. O ambiente fantástico e a boa disposição dos intervenientes. O próprio facto de: num minuto, estarmos a ver uma banda a actuar no palco, e no minuto seguinte, no fim do espectáculo - descerem do plateau e virem misturar-se com as gentes, a brindar e rir descontraidamente. Usufruindo e tocando com os restantes gaiteiros e tamborileiros que vão aparecendo de um e outro lado. É tudo isto que faz com que os mais de 800 km percorridos para lá chegar valham muito a pena!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Bichezas à solta

XXXVI
É verdade, meus amigos,
Os Macaquinhos no Sótão andaram à solta por aí, livres e de férias.

Chegou a altura de trajar, como manda a tradição, o calção e o chinelo. É tempo de esquecer o relógio e partir à aventura. Deixar a silly season fazer das suas, que é como quem diz: fazer NADA!
Não um nada qualquer, desses de trazer por casa! Mas sim um nada intencional, preguiçoso e demorado pelos dias dentro e noites fora.

Cálculos meticulosamente precisos foram encomendados pelos Macaquinhos no Sotão à NASA. E estimam que no período de 15 dias:

- A distância percorrida terá sido, aproximadamente, de 2600 Km em território nacional - dos quais 1360 foram efectuados de comboio, e os restantes 1240 de automóvel;

- Num total de 33 horas de viagem (o que equivale a - sensivelmente - um dia e meio), das quais 12 horas foram percorridas de comboio e as restantes 21 de carro;

- O custo situou-se na casa das várias centenas de euros - cuja grande maioria foi gasto em combustível para consumo humano e o restante não se sabe muito bem em quê;

- Até à hora de fecho desta edição, não tinha sido possível apurar os valores das emissões de CO2, por razões de natureza técnica às quais somos completamente alheios;

- Certo é que houve lugar a muitas aventuras e desventuras. O país prescrutado de lés a lés. Do litoral quente do Sul profundo ao bucolismo serrano do nordeste transmontano. Da orgulhosa raça das gentes do Douro às frondosas paisagens muito verdes do Alto Minho... nenhuma pedra ficou por virar, neste pedacinho do planeta.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Os Macaquinhos estão no Ar

XXXV

Segundas, Quartas e Sextas, às 11h00 a.m. (GMT)
em directo para a rádio, em 87.6 FM
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até Jazz...
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segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Poder do Aloe Vera

XXXIV
Já todos vimos, nas prateleiras dos super-hiper-macro mercados, produtos de variadíssima gama, contendo esse milagre: o aloe vera.
É, sem dúvida, um ingrediente misterioso e mágico. Faz lembrar um cruzamento entre a mezinha da avó, e uma descoberta farmacológica, por botânicos, que vivem há 20 anos na selva.

Este prodígio vegetal, com propriedades verdadeiramente inigualáveis, afasta toda e qualquer concorrência com facilidade. Outros vieram antes dele, mas nunca nenhum com as mesmas capacidades inesgotáveis medicinais e estéticas. Nem, tão pouco, com uma campanha publicitária tão bem sucedida.
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- Primeiro veio o ginseng, produto maravilhoso que é usado, desde há milhares de anos, por gente de todas as idades e feitios, na longínqua Ásia (China, Japão, Coreia, Vietname, Nepal, Butão, Tailândia, Cambodja, Laos) para praticamente TODAS as finalidades.
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E, convenhamos, quando comprado em embalagem, com a irresistível mística dos caracteres chineses a dourado sobre o fundo vermelho, dá-lhe logo um ar que cura - mesmo sem desembalar.

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Depois há o gingko biloba, que começou por se infiltrar nos sumos (ditos naturais), e depois num cremezito ou outro. A folha, tão característica, faz sempre questão de aparecer com grande destaque no rótulo do produto, conferindo-lhe requintes de talismã sanitário.

Mas não se fica por aqui. Fiquem os estimados sabendo que esta verdura é multifacetada: ela é infusão, é uso tópico, é gota para o ouvido, é creme para as mãos. Ai, gingko biloba, o que faria sem ti?

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E ainda: a soberana de todas as leguminosas (uma espécie de Paris Hilton do Jet 7 macrobiótico), a raínha da saúde bio-eco: a Soja!

A verdadeira e camaleónica deusa da fertilidade utilitária, da esfera leguminosa: soja em grão, em naco, em queijo, rebentos de soja, hamburguer de soja, leite de soja, molho, óleo, manteiga, e etc. Depreende-se claramente, pela extensão da sua aplicação, que não há nada que este pequenino feijão não faça, em prol da Humanidade.

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Por fim, a grande vedeta deste post, bem como de tantos inúmeros artigos que nos invadem os dias. Estamos a falar de... Aloe Vera!

Não há, neste planeta, produto NENHUM que não beneficie da presença, mesmo que seja só um vestígio ínfimo, do Aloe Vera: Iogurtes, champoos, gel, creme para as rugas, amaciador da roupa, detergentes, ambientadores, palmilhas, espuma de barbear, dentífricos, sumos, batons, cosmética, desodorizantes, perfumes...

Toda uma incrível paleta de variados items, abençoados pelo toque de Midas deste vegetal divino, desfilam pelos corredores apinhados. Não se sabe bem de onde vem, para onde vai, e o que faz aqui. Aliás, a questão que se impõe é precisamente a oposta: - o que é que o Aloe Vera NÃO faz?!? Porque, no seu vasto currículo, é sabido que não só desinfecta como nutre, tonifica, reafirma, dilui, relaxa, perfuma, alisa, protege dos insectos, cura a enxaqueca e a indigestão, o pé chato, os bicos de papagaio e afasta a malapata e o mau olhado. Para além de dar sorte, pendurado no retrovisor de um qualquer Fiat Uno branco de 92, junto aos dados felpudos violeta.

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Na minha opinião, foi um trabalho de marketing assim, que fez falta aos produtos nacionais. Não tenho dúvidas de que, se a semente da fabácea tivesse este tipo de tratamento de imagem, estaríamos agora a assistir a um boom de exportação de produtos à base de tremoço, que catapultaria o país para a abundância babilónica.

É de notar que: o tremoço, apesar de ser visto vulgarmente como um simples aperitivo, é mais nutritivo que o leite ou mesmo a carne. É rico em proteínas e vitaminas do complexo B e E, cálcio, fósforo, potássio, ferro, fibras e ácidos gordos insaturados (Ómega 3 e 6). É benéfico para os ossos. Para o bom funcionamento do trânsito intestinal. Ajuda a controlar a taxa de açúcar no sangue, o colesterol e ainda reduz o apetite. Mas não é tudo: Graças às suas propriedades emolientes, diuréticas e cicatrizantes, favorecem a renovação das próprias células. Cuide de Si - Consuma TREMOÇO!

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Lupinicultores do mundo inteiro: Uni-vos!

- Tremoço é FIXE, e o resto que se lixe -

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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Metallica no Optimus Alive! '09

XXXIII
É verdade, meus amigos. Nós aqui no Macaquinhos no Sótão não podíamos deixar passar esta oportunidade de ver Metallica ao vivo!
Quero aproveitar a oportunidade para agradecer ao senhor Pedro Machado, a gentileza de nos possibilitar assistir a este grande espetáculo ao vivo, de bandas tão sonantes como são Mastodon, Lamb of God, Machine Head, Slipknot e os incomparáveis Metallica!
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O festival tem lugar no passeio marítimo de Algés, num recinto amplo com uma vista soberba, dividida entre a foz do Tejo e a bela Lisboa. A gestão muito organizada, garantiu que tudo funcionasse bem: desde as entradas bastante desimpedidas, apesar dos vários pontos de controlo das hordas, até às casas de banho bem atípicas de festival, poder-se-á dizer numa versão quase de luxo!
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As bandas, essas, não podiam ter estado melhor: Mastodon, desta feita, menos alcoolizados e mais afinados do que no seu último concerto a dar um tremendo espetáculo. A parede imensa de som que Machine Head criou, e a energia explosiva e o efeito cénico tão particular de Slipknot, culminou na sublimação de Metallica, que misturou muito do seu novo álbum "Death Magnetic" com outros temas de "Master of Puppets" e "Black". Complementados com uma pirotecnia ousada e sensacional, que se mostrou extraordinária quando chegou a vez de "Enter Sandman" e "Unforgiven". A fechar, quase em jeito de hino, foi "Seek and Destroy" que fez o recinto estremecer devastadoramente com o som das 40.000 pessoas presentes, a cantar em uníssono, silenciando magnanimanente e por completo o emocionado vocalista, James Hetfield.
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Mas o enviado especial do Macaquinhos ao Oeiras Alive! '09 não se ficou por aqui. E foi à procura, no festival profundo, das idiossincrasias que compõem este dia, consagrado ao Metal.
O resultado foi, no mínimo, surpreendente - e sugere uma reflexão cuidada e profunda sobre estes sinais do tempo:
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À chegada ao recinto, pelas 18 horas, a primeira impressão foi a de que - finalmente - se organizam festivais a sério. Um funcionamento excepcional: desde os socorristas a circularem de bicicleta, até aos aguadeiros versão cerveja, os passatempos radicais, impecável... Até nos depararmos com uma cena verdadeiramente bizarra:
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- Bem ao lado da típica venda de merchandising das bandas, a célebre t-shirt negra com caveiras, e meia dúzia de cd's, reparamos na quantidade exorbitante de vendedores de - pasme-se - artesanato, roupa colorida de algodão e... candeeiros!
Ora, para que raio quero eu, no meio de um dia dedicado ao Metal, de um candeeiro? E mais do que isso: onde é que vou guardar o dito candeeiro, no meio de 40.000 pessoas com trombas de urinol, aos pontapés, saltos e encontrões?
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- Outra coisa que nos perturbou foi o facto de termos gasto uma média de 40 minutos na fila para a cerveja. Isto, não só é imoral, como é uma técnica de venda escandalosa. Sabendo que a dita cerveja levaria (com aquelas condições atmosféricas) uns 20 minutos a beber, sabemos que temos de pedir imediatamente duas e ir logo para o início da fila. O que inibe grande parte da assistência de observar as performances para as quais pagaram.
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- E ainda outra imagem que nos vai ficar para o resto da vida: Depois de uma segunda incursão na maldita fila, temos à nossa frente um calmeirão, de corrente metálica e roupa de cabedal, cabelo comprido e braços tatuados - que vai vociferando uns palavrões ininteligíveis, até que chega à sua vez. Ele esboça felicidade no êxito. E, ao virar-se, reparamos que, o que ele esperou durante 40 minutos, era afinal: uma garrafinha de ÁGUA.
O HORROR, O DRAMA, A TRAGÉDIA - serão estes os fãs de Metal do amanhã? Bandos de cabeludos bebedores de água? Será que depois de fazerem xixi também vão lavar as mãos?
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- Mais à frente, outra bizarria - um stand da Volkswagen plantado bem lá no meio, com carros e tudo e tudo.
Será que estes senhores estão à espera, que no meio do concerto, eu de repente me lembre "Olha, vou ali num instante comprar uma Passat e volto já"? E se eu quiser um test-drive será que é realizado no próprio recinto? E se eu quiser, efectivamente, comprar o carro - será que têm um stock escondido, com extras e cores sortidas?
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Foram revelações verdadeiramente dramáticas. E pode imaginar-se que, no futuro, num qualquer festival Metal, alguém pode comprar um carro, colocar um candeeiro no capot, e atropelar uns aguadeiros enquanto bebe uma garrafinha de água, trauteando "Whiplash".
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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Profícua Língua

XXXII
- A vós que lograis entrar neste infecto espaço obscuro:
Abandonai todas as vossas púdicas matrizes e higiene mental!
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ADVERTÊNCIA:
O texto que se segue pode conter linguagem considerada impúdica, imprópria, ofensiva e até mesmo obscena para os leitores mais impressionáveis.
O autor DESACONSELHA vivamente a leitura deste post por crianças, pessoas sensíveis, ou àqueles que não sejam habitantes a norte do Douro!
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- Hoje é dia da rubrica linguagem popular, aqui, no digníssimo blog "Macaquinhos no Sótão". Como tal, trago-vos à consideração um aspecto invulgar de quantificação espacio-temporal, sobejamente utilizada na nossa pátria: a Língua Portuguesa.
Refiro-me - claro está - à utilização de certos vocábulos (normalmente associados à anatomia) que servem vários propósitos, de acordo com a subtileza da sua utilização, num determinado contexto e que, podem até conferir aspectos antagónicos, consoante a entoação e semântica da própria frase. Propõe-se então, meditar sobre a origem e evolução destes termos, nos seus diversos meios, e nas mais diferentes circunstâncias em que se nos deparam.
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Atentemos no seguinte:
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Há que considerar vários aspectos na utilização da linguagem. Um desses aspectos, e dos mais importantes, é o dos atributos de qualidade. Observemos então este case-study:
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Se alguém diz "isso é uma merda", sendo que a imagem utilizada serve para ilustrar o não aproveitamento de determinado material devido ao seu reduzido valor para utilização humana. Refere-se ao objecto em causa como sendo de baixa qualidade ou problemático e, portanto, desaconselhando ou revelando a sua não aquiescência.
No entanto poderá, por oposição, ser dito "ela é boa como a merda" e, aqui já há uma clara alusão ao facto da personagem em causa possuir agradáveis características, de tal forma qualitativas que dificilmente se poderá quantificar - razão pela qual se determina com este vocábulo a sua grandeza ou importância. O termo empregue na frase assume portanto um carácter abstracto mas indubitavelmente positivo.
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Confusos? - Então vejamos mais uns exemplos:
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Se, porventura, quisermos saber mais sobre a aplicação deste tipo de expressão (à primeira vista tão complexa) quando é feita referência ao peso de um dado objecto, vemos que:
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Simultânea e antagonicamente - o que não deixa de ser curioso - pode dizer-se que "é pesado como o car@£lo" ou "leve como a merda" fazendo aqui a clara distinção entre as duas opções (o que sugere que uma é, efectivamente, mais leve do que a outra, respectivamente). Revestindo-se, desta feita, de características próprias unicamente inerentes à unidade de peso.
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Ainda um outro caso, in extremis:
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- Um indivíduo pede indicações para uma determinada morada a partir do local onde se encontra. E o interlocutor responde com um vibrante: "Isso é longe como o car@£ho".
Ora, o que é que depreendemos daqui? - Que o indivíduo se encontra muítissimo afastado do local pretendido. A alusão ao órgão sexual masculino neste caso, pretende indicar um grande afastamento geográfico. Logo, possui atributos de unidade de medida, de distância.
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Porém, se por outra, for dito: "isso é perto como o car@£ho" quer dizer-se com isto precisamente o inverso do anterior. Ou seja: que já estamos praticamente nesse mesmo local.
Por outro lado, é também possível que o mesmo indivíduo receba, como resposta, a satisfeita interjeição: "isso é perto como a merda".
Que, assim empregue, pretende indicar que o local em causa é muitíssimo perto. Que é já ao fundo da rua, por exemplo. Aqui, a menção à defecação visa demonstrar a extrema proximidade entre a pessoa e o objecto observado. Pode também aplicar-se o inverso: "longe como a merda".
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É precisamente sobre a razão, que leva todo um povo, a considerar membros do corpo humano e sub-produtos da biomassa como objectos passíveis de se transmorfarem, a tal ponto que sirvam quer de unidade de distância, quer de unidade de peso, quer de característica quase adjectival de um determinado objecto ou pessoa, que interessa debruçar, reflectir. E, sob a óptica do estudo étnico e antropológico, coligir dados que sejam passíveis de interpretar e assim chegar a conclusões fundamentadas sobre esta matéria que, por tão presente no nosso imaginário e quotidiano, possui traço subliminar e que tem sido continuamente negligenciado.
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O "Macaquinhos no Sótão" propõe que se investigue a fundo esta vertente tão relevante do nosso pensamento e linguagem para que, finalmente, nos possamos assumir como uma civilização esclarecida.
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quarta-feira, 1 de julho de 2009

Auf Wiedersehen, Pina Bausch

XXXI
"Niemand lebt ewig.
Es ist, in der Tat, diese Schwäche in die Menschen,
das macht Sinn, in eine echte Liebe"
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Subitamente o mundo perdeu uma musa: Pina Bausch.

Com toda a beleza da sua linguagem. Com toda a complexa simplicidade que imprimia nas suas criações. Com a genialidade com que nos brindou durante os profícuos 68 anos da sua existência.
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Hoje o mundo acordou sem a extraordinária entidade que imortalizou o Wuppertal Tanztheater. Sem a criadora de peças maravilhosas, que teimavam na tendência do contra-corrente. Revestidas sempre de uma mescla de liberdade e emoção, de tal forma intensa, que nos toca excepcionalmente. Quer pela brutalidade mecânica, quer pela sensibilidade dos movimentos da sua dança. Não era arte - dizia, do que criava - Era VIDA!
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Para a eternidade fica o fantástico das suas peças, como "Kontakhof" (1980), ou "A Sagração da Primavera", "Café Müller" (1994), "Água" (2003), "Nelken" (2005), "Ten Chi", e em 2007, a deliciosa "For the Children of Yesterday and Tomorrow", apresentada no Teatro Camões. Esta coreógrafa, brilhantemente excepcional, presenteou-nos uma vez mais com a sua presença já assídua no nosso país, desta feita na Expo'98, e que a inspirou a ponto de criar uma peça sobre Lisboa, intitulada "Masurca Fogo".
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Para quem não teve a honra de a conhecer fica a - ténue mas muito justa - definição de Federico Fellini: “Uma monja com um gelado, uma santa com patins, um rosto de rainha no exílio, de fundadora de ordem religiosa, de juíza de um tribunal metafísico, que de repente nos pisca o olho...”
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Serve esta triste breve, para render homenagem a uma artista absolutamente genial, a quem o meu magro vocabulário não faz, de todo, jus. Ainda assim, e em nome de todos quantos tiveram o prazer de receber um pouco dessa magia,
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Auf Wiedersehen, Pina!
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segunda-feira, 29 de junho de 2009

El señor Pedro Caetano

XXX
Era um Domingo chuvoso, cálido, abafado. Esse dia que havia de estar destinado ao clash de Titãs, há muito aguardado por ambos.
A festa decorria, alegre, colorida, com a natural azáfama. O cheiro das iguarias invadindo a Villa, os balões, as fitas, as correrias das crianças. Os convivas que deambulavam sorridentes, alheios à carga emocional dos momentos que antecediam o embate.
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À chegada, Capitan Felipe e Juanita são recebidos com carinhosos abraços pelos simpáticos anfitriões: A elegantérrima "mamacita" Paola, e "la hermosa" Monica Menezes. Madalena dormia, no seu vestido de algodão, ao sabor da brisa doce do início da tarde. Antonio, seu viejo amigo, acena convidativo, do fundo das escadas. Santiago, o pequenino aniversariante, grita-lhe entusiasticamente:
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- Compañero...
- Feliz cumpleaños, my hermanito!
- Gracias. Vem. Tens de vir ver la fiesta. - disse-lhe, abrindo um sorriso, e tomando-lhe o braço dedicadamente.
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Ao avançar sobre a varanda, rodeado por seus companheiros, está o señor Manuel Tomaz, patriarca da família. Alto, barrigudo, de cabelos grisalhos e bigode. Homem amável e senhor de uma sabedoria formidável. Daquelas que só a experiência da vida, vivida em pleno, pode dar.
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- Hombre, que seas muy bienvenido. Venga, toma una taza de vino.
- Gracias, señor Tomaz. Com este calor aceito toda a frescura.
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O ambiente não podia ser melhor, mais festivo, mais agradável. Era como um banho de boa disposição que contagiava. Todos irradiavam tranquilidade. Todos. - Mas ele não. Ele, muito especialmente, não.
Roía-lhe silencioso, um desassossego miudinho no estômago, que calava ao sorver da enxovia morna entre frugais goles de vinho.
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Foi cá fora, já sentado na poltrona, entre conversa animada e risadas com Tomaz que sentiu aquela presença. Como um vulto, bailando por entre as gentes. Como uma bruma que vem descendo do céu sobre a última luz do dia. Olhou de soslaio, sobre o seu ombro esquerdo, e lá estava ele: Rindo. Cumprimentando calorosamente alguns dos convidados. Os seus olhos negros líquidos, dardejando, mortificavam-no. E à medida que se ia aproximando dele, a temperatura aumentava, tornava o ar quase irrespirável.
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Foi Antonio, amigo de ambos e padrinho deste inevitável duelo, quem fez as honras de os apresentar. A sua voz tremeu, num tom grave, quase apagado, enquanto dizia: Felipe, este é Pedro Caetano. Pedro, este é Felipe Pinto. E, de pé, ambos, de olhos nos olhos, fitando-se longamente, avançam um para o outro.
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É impossível dizer qual deles sacou primeiro da mão nervosa. Quem antecipou a contracção do braço direito e depois o esticou, com os dedos hirtos, apontando na direcção um do outro. Dir-se-ia que foi místicamente em simultâneo. A verdade é que chegaram ao mesmo sítio, ao mesmo tempo, com a mesma intensidade. E selaram num aperto de mão viril, cheio de personalidade o profético encontro.
Durante aquele instante, todo o tempo parou. Os olhares apreensivos de quem os rodeava, os cochichos, as ânsias, os temores, as respirações, tudo cessou por momentos.
O mundo inteiro parou de girar, enquanto perdurava aquela invasão áspera da alma ígnea de um e outro.
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Uma bola de feno rolava na terra batida, ao fundo. O assobio do "O Bom, O Mau e o Vilão" ressoava nas paredes da Villa. Tudo o resto tinha ficado suspenso no ar, inerte, amorfo, imóvel.
O momento não podia ser mais tenso, a atmosfera mais carregada.
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E, como que por magia, nasce - ali mesmo - no deslizar das mãos para fora daquele cumprimento seco, uma estranha empatia. Do confronto iminente destes dois Titãs quase bíblicos, nasce - não um ódio profundo, nutrido pelo ciúme e a intriga a que estiveram sujeitos desde antes de se conhecerem - mas uma sensação que os toma de assalto, de sobrenatural familiaridade.
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O silêncio pesado que se tinha instalado, como a cortina do final do acto, é desvelado agora docemente, pela voz de António, que - ao ver o incrível do sucedido - os desafia: "Venga, entonces, mis hermanos. Bebamos como se não houvesse amanhã. O que aconteceu aqui hoje, só podem ser artes mágicas... ha ha ha! - Longa vida, mis hermanos. SE HAGA FIESTA".
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E pelo dia fora e a noite dentro, pois bebeu-se e comeu-se e festejou-se, como já há muito não se via, naquela Villa. Todos estavam felizes. Felipe e Pedro brindavam e riam alto, e contavam estórias, e falavam das suas aventuras. Quem os visse, jurava que eram como irmãos. Que se tinham conhecido toda a vida!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson, King of Pop

XXIX
Recebi, às 2 a.m. de hoje, a notícia de que a música morreu.
Parou, sob a forma de um coração, que viveu no peito de Michael Jackson durante 50 anos. E nos fez palpitar a todos. E cantar, e querer dançar como ele - naquele seu mágico moonwalk.

O sétimo filho da família Jackson que, desde cedo viu comprometida a sua infância em detrimento do atropelo do show business, deixa-nos um legado absolutamente incontornável e imortal, dando vida ao motto "Ars Longa, Vita Brevis".

Jacko - que nos trouxe temas deliciosos como Thriller, de 1982 (álbum mais vendido em todo o mundo), ou o Bad, Billy Jean, Black or White, Don't Stop 'Till You Get Enough, e o reflexivo Man in the Mirror, do álbum Bad, de 1988 (que chama a atenção para os factos, bem como para os ícones, mais relevantes da história moderna, como John F. Kennedy, Nelson Mandela, Martin Luther King, Madre Teresa de Calcuta e John Lennon) - é um artista que se reveste de muitas formas, que viveu um percurso repleto de transformações - literalmente. E, mesmo durante os últimos anos, quando vieram a público alguns factos que mostram Jackson como um ídolo menos exemplar, relembro o que escreveu Nietzsche: "Parece que todas as coisas grandes, para se inscrever no coração da humanidade com suas eternas exigências, tiveram primeiro que vagar pela terra como figuras monstruosas"...

Ironia do destino, após anunciar, no dia 5 de Junho (na que viria a ser a sua última conferência de imprensa) o seu regresso, com a tournée This is It, como sendo o fim da sua carreira, Michael não voltaria aos palcos e, sarcasticamente: This was - DEFINITELY - it!

Independentemente de toda e qualquer opinião que possamos ter sobre este performer, a verdade é que a beleza que nos transmitiu com os seus temas, a sua excentricidade, e as propriedades mágicas, imbuídas no legado fascinante que nos ofereceu ao longo dos últimos 30 anos, são absolutamente inalienáveis.

Por tudo quanto nos fizeste sentir, um sincero e infinito:
Muito obrigado!
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May you finally rest in peace... Farewell, Peter Pan!
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segunda-feira, 15 de junho de 2009

As Mulheres de 30

XXVIII
O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram "A Mulher de Trinta", de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz:
"Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer".

Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: "Madame Bovary c'est moi". E a Marilyn Monroe, que fez tudo aquilo entre 30 e 40?

... O que mais encanta nas de 30 é que parece que nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Mas, para isso, como elas se preocupam com a barriguinha!

... Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar.

... A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima... Quando resolve, vai pra valer... Mata o homem, tenha ele 20 ou 50. E o hálito, então? É fresco...

Mas o que mais me encanta nas mulheres de 30 é a independência. Moram sozinhas e suas casas têm ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertas. Elas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, à hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam.

São fortes as mulheres de 30. E não têm pressa pra nada. Sabem aonde vão chegar. E sempre chegam.

Chegam lá atrás, no Balzac: "A mulher de 30 anos satisfaz tudo".

Ponto. Pra elas

(Mário Prata)
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...faltam 8 dias, 6 horas, 22 minutos e 43 segundos...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cristiano Ronaldo

XXVII
Hoje, nas notícias dos jornais pelo mundo fora, pode ler-se tudo sobre o contrato milionário de Cristiano Ronaldo com o Real Madrid.

O "Puto Maravilha", chamam-lhe alguns, que recebeu até o prémio de Melhor Jogador do Mundo, vai agora correr 90 minutos por semana, e dar meia dúzia de pontapés, quiçá até chorar um bocadinho pelo clube espanhol, pela módica quantia de 10 000 000 € por ano = 27 300 € por dia = 1 137 € por hora = 18 € por minuto. Para além da verba de 93 000 000 € que Los Galácticos vão pagar ao Manchester United pela compra do menino prodígio.

Eu, em vez de me pôr aqui a atirar palpites e bitaites e conversa fiada sobre a inquestionável qualidade dos seus remates, ou dos momentos de rara beleza e a formidável técnica dos seus inusitados dribbles que, diga-se, não têm dado grande resultado a favor da selecção nacional, vou - isso sim - fazer umas contas rápidas e simples para ficar com uma ideia mais clara destes valores. Ah, e sem nunca esquecer os leitores juniores do Macaquinhos, um pequenino exercício matemático, muito útil nesta altura do ano...
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Ora, se um jogador de futebol recebe, por dia, 27 300 euros.
E, sabendo que um litro de leite custa 0,54 cêntimos.
Quantos pacotes de leite, se podiam comprar, todos os dias?

Resposta: Seria possível comprar 50 555 pacotes de leite por dia!
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Ora, se um rapazola ganha, por ano, 10 000 000 de euros.
E, sabendo que um livro para o primeiro ciclo, ronda os 7 euros.
Quantos livros se poderiam comprar, todos os anos?

Resposta: Poderiam comprar-se 1 428 571 livros todos os anos!
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Pense nisto sempre que vir um desses golos tão especiais, marcados com um par de NIKE CR7, feitas à mão por crianças vietnamitas.
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sexta-feira, 29 de maio de 2009

Noivas de Santo António

XXV
Os Casamentos de Santo António já fazem parte integrante da tradição popular portuguesa - cerimónia onde se realizam vários casamentos em simultâneo, com a benção do santo padroeiro.
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Santo António nasceu em Lisboa, Portugal, em 1135, franciscano, pregador culto e apaixonado, foi professor em diversas Universidades europeias e morreu em Pádua, Itália, em 1231.
Considerado por muitos "santo casamenteiro" por ter sido, segundo reza a lenda, um bom conciliador de casais.
Em 1958, em Lisboa surge a iniciativa, com o patrocínio do "Diário Popular" e comerciantes locais, de celebrar nessa semana consagrada aos festejos de Santo António, uma grande festa de casamento. Que tinha por objectivo, possibilitar o matrimónio a casais com maiores dificuldades financeiras, oferecendo-lhes o traje, a cerimónia, os preparativos da igreja e o banquete.
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* A título de curiosidade: ao casal só era permitido participar, se a nubente pudesse clinicamente atestar a sua virgindade.
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Hoje em dia... não sei como funciona. Mas que a festa se realiza, lá isso é verdade. Lá está ela. Todos os anos. A estalar na rua. A encher-nos daquela alegria pateta. Não é que a ideia original não fosse gira, que até era. E simbólica e patriótico-religiosa. Mas por estar tão no espírito dos 50's, pensar nisso em 2009, faz-me uma certa confusão. Valha-nos o facto de que é, realmente, um belíssimo e refrescante substituto do Big Brother, inserido num ambiente de sardinha assada e copos de vinho, tão português.

E de tal forma crepitam com vigor, essas afamadas Noivas de Santo António, que até há uma pequenina rubrica (entre o tempo de antena dos candidatos às eleições europeias e o noticiário) que está destinado exclusivamente para conhecermos os felizes pombinhos.


ELE É: Arnaldo Emanuel Martins Silva, tem 26 anos e é Mecânico de profissão. Acha que a música favorita dela é "Tiengo la camisa negra" de Juanes. Mas na verdade é "Ai, Destino" de Tony Carreira. Acha que as melhores férias foram no ano passado em Benidorm, Espanha - mas não. Foram mesmo as do camping da Costa da Caparica (onde se conheceram). Pensa que o prato predilecto dela são favas com chouriço, e afinal é o bacalhau à Gomes de Sá. Os projectos para o futuro deles, na sua opinião, passam por um carro novo (Gti) e uma oficina própria (porque assim é que se ganha dinheiro). Ele pretende no máximo um filho, "por causa da despesa" diz, enquanto encolhe os ombros. É a crise!
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ELA É: Isaura Marisa Sousa da Costa, tem 24 anos e é Operária fabril na indústria têxtil. Acha que a música favorita dele é "My heart will go on" da Celine Dion, que viram no filme Titanic. Afinal é "Yolanda", dos Irmãos Verdade, que Arnaldo descobriu no rádio de um carro em que estava a trabalhar. Ela acha que as melhores férias foram no Algarve, onde ele finalmente lhe fez a proposta, e para ele foi mesmo Benidorm. O prato predilecto, e que ela cozinha quando ele vai lá a casa dos pais, é o belo do cozido, e afinal o que ele prefere é um grande bife com batatas fritas. Os projectos para o futuro, na sua óptica, passam impreterivelmente por uma casa nova e depois uma viagem ao estrangeiro. Tudo isto antes de terem os três filhos que ela tanto deseja, "que uma família assim é que é".
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Se resultam ou não, estas improváveis duplas, não sei...
Mas nunca se ouviu falar em Divórcios de Santo António.
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Fica aqui a minha sugestão, para este evento com boas possibilidades de franchising.
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Mas há mais:
- Às 10 primeiras propostas de negócio oferecemos o pack familiar: Os Partos de Santo António (live), já em DVD, VHS e cassete pirata.
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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Big Mac Attack

XXIV
Desta vez não vou dizer nada...

Podia ficar aqui a falar sobre como a desflorestação dá lugar às culturas pecuárias sobre-exploradas, ou então sobre como o colesterol é exponenciado pelos fritos, ou sobre a tortura dos animais (sejam eles quais forem) antes de serem feitos em hamburguers. Mas não o vou fazer.
Nem sequer vou falar da exploração laboral dos trabalhadores, na sua maioria demasiado jovens. Não!

- Desta vez vou deixar apenas uma imagem que, dizem, vale mais que mil palavras, e que remeto à vossa mui ilustre consideração...


I'M LOVING IT !
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quinta-feira, 21 de maio de 2009

É proibido fumar!

XXIII
Foi em Janeiro de 2008, que entrou em vigor a lei, que impede "o acto de fumar, chupar ou mascar um produto à base de tabaco", nos restaurantes, bares, discotecas, recintos de espectáculos, e mais.

E, assim de repente, não me consigo lembrar de nenhum outro produto no mercado, em que o fabricante anuncie que aquilo mata, e as pessoas o continuem a consumir despreocupadamente.
De facto, este é um fenómeno assaz curioso. O acto de fumar. - É o quê, concretamente? - Em que consiste este ritual suicida?

O tabaco é uma planta, do género Nicotiana, e é originária da América do Sul, à qual, os povos autóctones, atribuiam poderes curativos mágicos. Foi introduzida nas cortes reais Europeias, no século XVI, por navegadores espanhóis e ingleses.

Embora esta seja a teoria mais comummente aceite, outras há que, visam indicar a sua origem na Ásia (como é o caso do escritor Lotario Becker), alegadamente levada, em tempos muito remotos, para o Novo Mundo. E, demonstra que na Pérsia, por exemplo, cultivou-se e fumou-se uma ou mais espécies de tabaco, muito antes da descoberta da América.

Outras teorias dão a planta como sendo africana, pelo facto de não ser crível que este vegetal se pudesse generalizar tanto em todo o continente, e enraizar-se nos costumes dos povos - apenas depois - da descoberta da América.

Há também posições que defendem a sua origem no norte da Austrália, citando as comunicações de James Cook e Gregory, entre outros, sobre plantas narcóticas que viram mascar, fumar ou sorver em forma de pó.
Inicialmente, o tabaco era mascado ou aspirado enquanto rapé. E obteve grande popularidade (como tratamento para as enxaquecas, pneumonias, chagas, gota, raiva, e servindo até como narcotizo e aperitivo) junto de habitués como Catarina de Médicis.

No entanto, o ritual do tabaco hoje, no século XXI, está já muito longe da prática ritualista de 1500, e do glamour da belle époque.

Ao observarmos com atenção, o acto (sobretudo visual) de fumar, constatamos que desde a linguagem corporal - das mãos que procuram o isqueiro, ao próprio som particular de acender o cigarro, a cigarrilha, o charuto ou o cachimbo - há nisto uma mística hermética que transcende absolutamente, qualquer que esteja excluído desta elite nebulosa.

Descobre-se, na sedosa sensação ao toque, do retirar de uma munição da caixinha de cartão colorida, um prazer que se estranha e depois entranha. Tanto sabor nesse gesto de levar o preparado aos lábios, com laivos de chocolate e folha de tabaco que, por via do fogo, na sua ignição desprendem pedaços de uma nuvem maciça, invadindo o corpo internamente, num calor confortável e familiar.
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Sejamos claros! - Numa sociedade que vem assumindo um papel, cada vez mais, de apologista (fundamentalista) das boas práticas e do exercício físico e da alimentação saudável (enquanto promove a venda de automóveis de combustão a gasolina e diesel, e de bens de consumo polutivo) pergunto-me até quando poderei - legalmente - tomar a decisão de comer bacon, e onde o posso consumir, livre de imposto?

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terça-feira, 19 de maio de 2009

Uma Receita Caseira

XXII
Há dias assim. Daqueles em que temos vontade de fazer qualquer coisa extraordinária. Não uma coisa qualquer. Algo fantástico, especial, delicioso, que faça crescer água na boca. Então, decidi ir, pela internet dentro, à descoberta de uma receita que me seduzisse. Optei, antes, por arriscar na ousadia de misturar vários sabores numa só refeição. Uma espécie de cozinha do mundo.
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"Mergulhe-se na cultura gastronómica chinesa, na sua cor, perfume e paladar, funda-se nos exóticos condimentos da rica cozinha indiana. Pincele-se os aromas da arábia, com o preceito kosher na preparação dos alimentos - Assim teremos todos os sabores do mundo dentro da nossa boca"
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Lucio Arantes Montoya
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Comecei por preparar a entrada: uma bela Baba Ghanouj (pasta de beringela, de origem árabe), na qual gastei:

2 kg de beringela
4 colheres (sopa) de
tahine
sumo de três
limões
4 ou 5
alhos amassados com sal


Vão ao microondas (as beringelas) por 10 minutos (apesar de que ficam muito melhores no forno) até murcharem por inteiro.
Cortam-se ao alto, e raspa-se o conteúdo, para dentro de um recipiente. Misturam-se com os outros elementos, mais uns cubinhos de queijo, e reintroduz-se o preparado no interior, do que resta, da beringela e... já está.

De seguida, pensei em fazer um Chittarnee (peito de frango agridoce ao molho de cebola, da cozinha judaica). E foram precisos:
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1 kg de cebolas picadas
3 dentes de
alho esmagados
2 colheres (chá) de
gengibre ralado
1 colher (chá) de
açafrão
1 colher (chá) de
canela
1 colher (chá) de
coentro picadinho
4 folhas de
louro
6 peitos de
frango cortados em cubos
1/2 kg de
tomates picado (sem pele, nem sementes)
3 colheres (sopa) de
vinagre
2 colheres (chá) de
açúcar
sal e pimenta q.b.

Deve dourar-se a cebola em azeite, e depois, juntar o alho e os restantes condimentos. De seguida entram os cubinhos de frango, que ficam por mais 10 minutos, e vai-se mexendo. Adiciona-se o tomate, e mantêm-se a apurar até o excesso se evaporar. Junta-se-lhe o vinagre e o açucar e cozinha-se em lume brando, mais uns 10 minutos. Está feito!
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O acompanhamento, lembrei-me eu, poderia ser uma Massa de Ninhos (de tradição chinesa). E precisei de:
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250 gramas de vegetais variados (pimentos, soja, bambu)
1 colher (sopa) de óleo vegetal (amendoim é o ideal)
250 gramas de massa chinesa (noodles) cozida
1 colher (sopa) molho de soja
1 colher (chá) de óleo de sésamo
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Fervem-se os vegetais em água e sal durante 2 minutos e escorre-se. Aquece-se o óleo num wok (frigideira funda) e mistura-se muito bem a massa (noodles) já cozida. Acrescentam-se os vegetais e o molho de soja (shoyu é perfeito). Deixa-se cozinhar, para libertar os sabores, durante uns 2 minutos. Rega-se com óleo de sésamo e serve-se. Assim, perfeito!
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Para terminar em beleza, nada melhor do que a maravilhosa sobremesa, no caso, Gulab Jamun (bolinhos de leite com caramelo) da cozinha indiana. E requer:
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BOLINHOS
1/2 chávena (chá) de leite
1 colher (sopa) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de manteiga derretida
1 colher (café) de fermento em pó
SYRUP
1 chávena (chá) de açucar
2 chávenas (chá) de água
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Para fazer os bolinhos basta que se misturem os elementos, que se amassam até ganhar boa consistência, homogénea, de tal forma que se solta das mãos. Fritam-se depois no óleo quente, mas em lume brando.
Para obter o syrup, junte-se a água ao açucar e ferva-se durante uns 10 minutos. Depois disso, é só verter a calda sobre os bolinhos... bon apetit!
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...PARA QUEM, DEPOIS DESTE TRABALHO TODO, AINDA ASSIM NÃO GOSTE: ESQUEÇA TUDO ISTO E ENCOMENDE UMA PIZZA!...
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Macaquinhos no Mundo: