Белый снег, от темно-синего звездного неба
Падение на красное поле. И внезапно мы видим
То, что это убило зерна, и отравило
Наши семена для завтра.
Idiossincrasias avulsas em regime Self-Service
Liberdade de voto, de opinião, e política. Liberdade da censura (o condicionalismo, pocilguenta lavagem cerebral) que controlava as palavras no cinema, no teatro, nos jornais, nas revistas, na rádio, na televisão, na música e na literatura. Liberdade da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) que prendia e torturava, sem contemplações, independentemente da idade e do género - quem quer que fosse - sob qualquer infundada suspeita.
Mas na verdade, essa vitória não "aconteceu" - acontece sim, todos os dias a partir daquele. E cabe-nos a nós manter viva a honra, a dignidade e a coragem, de quem arriscou tudo e marchou pelo Terreiro do Paço, pelo Largo do Carmo, quem encheu a Rua do Arsenal, personificando "Grândola Vila Morena", de punho no ar e cabelos ao vento. Contra o monstro de 7 cabeças, o Adamastor instituído, contra a opressão da ditadura fascista.
"Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. Na sequência das acções desencadeadas na madrugada de hoje, com o objectivo de salvar o País do regime que há longo tempo oprime, as Forças Armadas informam que, de Norte a Sul, dominam a situação e que em breve chegará a hora da libertação. Reafirma-se o desejo veemente de evitar derramamento de sangue mas igualmente se reafirma a decisão inabalável de responder decidida e implacavelmente a qualquer oposição que as Forças Militarizadas e Policiais pretendam oferecer. Recomenda-se, de novo, à população que se mantenha calma e nas suas residências, para evitar incidentes desagradáveis cuja responsabilidade caberá exclusivamente às poucas forças que se opõem ao Movimento. Ciente de que interpreta fielmente os verdadeiros sentimentos da Nação, o Movimento das Forças Armadas prosseguirá inabalável no cumprimento da missão que a sua consciência de portugueses e militares lhes impôs. Viva Portugal!"
Trocamos a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade por um individualismo feroz, vazio e estéril.
Efémeros rabiscos sumidos na areia, ao vento.
"Tenho dentro de mim dois animais:
Um deles é bom e dócil. O outro é cruel e mau.
E os dois estão constantemente em luta.
- No fim, vencerá aquele que eu alimentar"
(autor desconhecido)
Mas mesmo isso está corrompido, neste tempo em que vos escrevo. A sociedade (que somos nós) enquanto monstro-polvo, já disponibiliza novas ferramentas para mimetizar essa necessidade, esse prazer psico-fisiológico. Há consolas de jogos e LCD's (que servem, quer para preencher o lugar dos filhos, quer para ocupar os dias das crianças [se as há], quando temos que trabalhar mais e "não temos tempo" para dar atenção). E se não for o caso, há bónus e promoções para todos os gostos, acentuando a competição com o parceiro de equipa. Uns tem telemóvel e carro da empresa (que grande pinta). Outros desunham-se pelo prémio de assiduidade (que implica deixar o miúdo, com 40º de febre, em casa, sozinho com a TV, enquanto se vai enviar 3 faxes e 5 mails). Há ainda os vouchers para as massagens, e os jantarinhos pindéricos de natal!? - Sentadinhos ali, à mesa, ao lado do patrão (eia, que prestígio).
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Vale tudo! Tudo... desde que se continue em super-produção sem questionar.
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- Então e tu... foste um bom ROBOT, hoje?
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- E na memória, ainda muito viva, está África do Sul e o seu selvagem Apartheid. Onde seres humanos viveram horrores, até virarem a pulso a década de 90. O que não significou necessariamente mais justiça, mais formação, mais emprego ou melhor cidadania.
- E que dizer, do Brasil de Getúlio Vargas e sua ditadura militar. E os Esquadrões da Morte, que no fundo nem era bem os marginais mais perigosos que eliminavam, mas sim bandos de crianças, forçadas à delinquência pela fome e a falta de alternativas.
- E o genocídio silencioso, escondido no caos da Somália. Condenando gerações inteiras, quer pelas mortes impiedosas e recorrentes, quer pelos traumas profundos e desastrosos de presenciá-las. Tudo isto sob os braços cruzados da ONU, que se revela mais lenta na ajuda a este povo do que na invasão do Iraque.
- Não sei até quando vamos conseguir esta tenebrosa proeza de esconder a cabeça na areia. De desviar o olhar, de achar que é longe demais, que já não nos afecta a sensibilidade.
Foi por ter pensado a sério em tudo isto que me senti um grandessíssimo filho da mãe.
Foi quando, finalmente, tirei o pensamento do meu próprio umbigo, que percebi quão mesquinhos eram afinal os meus problemas.
No fundo sou um privilegiado. Pela vida pacata e tranquila que levo. Por estas coisas simples que banalizo, como o conforto de uma casa, da electricidade, da água corrente. O facto de ter comida abundante e calor. Poder conversar tranquilo com os meus amigos, na rua. Conduzir o meu carro livremente. E ir dar um mergulho no mar. Tomar um café, fumar um cigarro, falar alto, não ter rede no telemóvel, dançar, cantar desafinado. Em liberdade.
Eu, quando me levantar daqui, do meu lugar, vou abraçar a minha mulher. Vou dar-lhe um abraço mais longo, mais apertado.
E se tivesse filhos, ia olhar para eles, vagarosamente, e perceber em silêncio como as crianças são o melhor do mundo, em todo o esplendor da sua inocência mágica!
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