XXXXII
Foi ontem à noite, pelas 22 horas, ao vivo na Fnac do Vasco da Gama que "a sala se encheu de maviosidade" como ele próprio o disse.
O sopro rouco do bansuri sibilava no ar daquele ambiente intimista, impregnado de uma sensitividade tal que se sentia no corpo uma força - como uma atracção magnética - para a sua nascente.
Sentado, de túnica branca e lenço laranja ao pescoço, de semblante brando e luminoso estava o Rão. Ia serpenteando os seus dedos sábios pelos oríficios daquela cana mágica com dom de encantamento e enfeitiçando toda a trupe que ali se reuniu, com requintes de chamamento espiritual.
Soprou temas do seu novo álbum, que assim se chama: "Em'Cantado", nome que não podia ser mais adequado e perfeito para essa fusão natural entre o fado e a música indiana - ambas particularmente próximas pela tónica sempre profundamente emotiva com que se expressam - como tivemos oportunidade de debater, em conversa descontraída, no final da performance.
Ladeado por uma guitarra portuguesa bem executada por um cavalheiro de olhos pintados e ar de marialva cujo único nome de que dispomos é Paulo (dada a sua fuga repentina), e com direito até a alguns apontamentos em jeito de diálogo intrumental (a fazer desejar ali Júlio Pereira), e ao piano por Renato Runior, músico do álbum, com uma enternecida suavidade e leveza tocante.
Mas Rão Kyao vem de trás, de longe, é antigo como as flautas que toca, não em idade humana mas nesse fabuloso milagre que opera, essa transubstanciação da vivência para a música e da música para a vida, sendo ambas uma.
Pode parecer confuso, ou intrincada esta explicação, talvez até demasiado longinqua: serve só para que se entenda claramente que é impossível dissociar o Homem da Arte e Arte no Homem.
O percurso do Rão começou no jazz, mais propriamente no saxofone tenor, e foi sofrendo evoluções - em última análise para uma mestria virtuosa do bansuri (instrumento que estudou na Índia, para onde viajou na década de 70) - fruto das suas experiências de vida e dessa procura etnográfica pelo elo de ligação entre a música a oriente (como é o caso da indiana, árabe e chinesa) e a música de raiz tradicional, na sua vertente mais pura do folk português.
Foi ontem à noite, pelas 22 horas, ao vivo na Fnac do Vasco da Gama que "a sala se encheu de maviosidade" como ele próprio o disse.
O sopro rouco do bansuri sibilava no ar daquele ambiente intimista, impregnado de uma sensitividade tal que se sentia no corpo uma força - como uma atracção magnética - para a sua nascente.
Sentado, de túnica branca e lenço laranja ao pescoço, de semblante brando e luminoso estava o Rão. Ia serpenteando os seus dedos sábios pelos oríficios daquela cana mágica com dom de encantamento e enfeitiçando toda a trupe que ali se reuniu, com requintes de chamamento espiritual.
Soprou temas do seu novo álbum, que assim se chama: "Em'Cantado", nome que não podia ser mais adequado e perfeito para essa fusão natural entre o fado e a música indiana - ambas particularmente próximas pela tónica sempre profundamente emotiva com que se expressam - como tivemos oportunidade de debater, em conversa descontraída, no final da performance.
Ladeado por uma guitarra portuguesa bem executada por um cavalheiro de olhos pintados e ar de marialva cujo único nome de que dispomos é Paulo (dada a sua fuga repentina), e com direito até a alguns apontamentos em jeito de diálogo intrumental (a fazer desejar ali Júlio Pereira), e ao piano por Renato Runior, músico do álbum, com uma enternecida suavidade e leveza tocante.
Mas Rão Kyao vem de trás, de longe, é antigo como as flautas que toca, não em idade humana mas nesse fabuloso milagre que opera, essa transubstanciação da vivência para a música e da música para a vida, sendo ambas uma.
Pode parecer confuso, ou intrincada esta explicação, talvez até demasiado longinqua: serve só para que se entenda claramente que é impossível dissociar o Homem da Arte e Arte no Homem.
O percurso do Rão começou no jazz, mais propriamente no saxofone tenor, e foi sofrendo evoluções - em última análise para uma mestria virtuosa do bansuri (instrumento que estudou na Índia, para onde viajou na década de 70) - fruto das suas experiências de vida e dessa procura etnográfica pelo elo de ligação entre a música a oriente (como é o caso da indiana, árabe e chinesa) e a música de raiz tradicional, na sua vertente mais pura do folk português.
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