Há 295 anos, na região que hoje conhecemos como a Catalunha...
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Há 36 anos, em Santiago, no Chile, a Rádio Magallanes transmitiu a última mensagem do presidente democraticamente eleito Salvador Allende, que disse: “Pagarei com a minha vida a lealdade do povo"... Antes de ver o palácio presidencial bombardeado por caças pilotados por americanos (sempre tão desesperados em aniquilar o espirito socialista na América Latina), em sujo conluio com o ditador fascista, o general-assassino: Augusto Pinochet. Que viria a instalar um reinado de terror durante 17 longos anos, em que fuzilou adversários e tirou a vida a PELO MENOS 3.197 pessoas, das quais 126 eram mulheres (algumas delas grávidas) e 49 crianças (entre os 2 e os 16 anos).
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Aqui ficam as palavras desse luminoso estadista - Salvador Allende:
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"Certamente, esta será a ultima oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. As minhas palavras não têm amargura, mas sim, decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu o seu juramento (…)
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Colocado num transe histórico, pagarei com a minha vida a lealdade do povo.
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E digo-lhes que tenham a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares de chilenos, não poderá ser ceifada em definitivo. Eles têm a força, poderão subjugar-nos. Porém, os processos sociais não se detêm nem com crimes nem com a força.
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A história é nossa e é feita pelo povo.
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Trabalhadores da minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram num homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou a sua palavra no respeito à Constituição e à Lei, e assim o fez.
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Neste momento definitivo, o último em que posso dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reacção criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem a sua tradição, que lhes fora ensinada pelo general Schneider e reafirmada pelo comandante Araya, vítima do mesmo sector social que hoje estará à espera, com mão alheia, de reconquistar o poder para continuar a defender as suas mordomias e os seus privilégios.
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Dirijo-me a vocês, sobretudo à mulher modesta da nossa terra, à camponesa que acreditou em nós, à mãe que soube da nossa preocupação pelas crianças.
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Dirijo-me aos profissionais patriotas que continuaram a trabalhar contra o levantamento popular estimulado pelas associações de profissionais, associações classicistas que também defenderam as vantagens de uma sociedade capitalista.
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Dirijo-me à juventude, àqueles que cantaram e doaram a sua alegria e o seu espírito de luta.
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Dirijo-me ao homem do Chile, ao operário, ao camponês, ao intelectual, àqueles que serão perseguidos, pois no nosso País o fascismo já esteve presente várias vezes: nos atentados terroristas, explodindo pontes, cortando linhas ferroviárias, destruindo oleodutos e gasodutos, perante o silêncio daqueles que tinham a obrigação de tomar providências.
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Certamente, a Rádio Magallanes será calada e o metal tranquilo de minha voz já não chegará até vocês. Mas isso não é importante. Vocês continuarão a ouvi-la. Ela estará sempre junto de vós. Pelo menos a minha lembrança será a de um homem digno que foi leal com a Pátria.
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O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não pode deixar-se arrasar nem se deixar balear, mas tampouco pode humilhar-se.
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Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e no seu destino. Outros homens hão-de superar este momento cinza e amargo em que a tradição pretende impor-se. Prossigam vocês, sabendo que, bem antes que o previsto, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor.
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Viva o Chile! Viva o Povo! Viva os Trabalhadores!
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Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que o meu sacrifício não será em vão.
Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a deslealdade, a covardia e a traição."
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Há 8 anos os Estados Unidos da América tremeram...
TO BE CONTINUED...